Uma “montanha” de surpresas. Alguém disse um dia que Timor-Leste é como “uma grande montanha”. De facto, para onde quer que se vá, é necessário escalar encostas ou descer montes e vales. Quem parte de Dili em direcção a Maubisse tem de subir, ziguezagueando por uma estrada entalada entre um abismo e as elevações escarpadas da cadeia montanhosa que separa o Norte do Sul do país. É no distrito de Ainaro, porém, a partir da vila de Hato Builico, que se chega ao topo do Tata Mai Lau, o ponto mais alto da cordilheira do Ramelau (2960 metros).
O mais mágico dos lugares : O verde escuro dos mangais dá lugar ao azul das águas transparentes da praia de Metinaro, a cerca de 30 km da capital. Mais adiante, surgem os arrozais de Baucau e, ao longe, centenas de palmeiras. Uma paisagem de grande beleza apenas ultrapassada pelo oásis de areia branca que se esconde na ponta mais oriental de Timor, no distrito de Lautém. Tutuala é uma praia encantada, escondida na vegetação, e um porto de abrigo banhado por águas cristalinas, de onde partem os barcos dos pescadores para o ilhéu deserto de Jaco, uma reserva de tartarugas. Os timorenses acreditam que se trata de um lugar mágico e, por isso, mantêm a minúscula ilha intocada.
Praias, quentes e boas Praias : são muitas, quentes e boas. Estendem-se pelas costas Norte e Sul. São recantos escondidos de areia dourada ou quilómetros e quilómetros de areia preta. Como a praia de Liquiçá, a uma hora de Dili, ou de Betano, na costa do mar de Timor. Mas, tal como já aqui foi dito – nunca é demais repetilo –, o verdadeiro paraíso está a Leste: na ilha deserta de Jaco e na praia de areia branca de Tutuala. Para os praticantes de snorkelling e de mergulho recreativo, reservam-se outros segredos, na costa do enclave de Oecussi, na Ilha de Ataúro e nos arredores de Dili, em direcção a Baucau.
Estamos nas nuvens Uma viagem aérea entre o enclave de Oecussi e Dili é uma oportunidade única para novas e surpreendentes revelações. Lá do alto, o litoral ganha um recorte ainda mais acentuado, o mar afunda-se e ganha novas tonalidades. Outras sensações terá quem optar por uma viagem por terra, da capital para Baucau.
Uma vez que se trata de território virgem, com uma total inexistência de infra-estruturas turísticas, viajar até Timor-Leste pode ser um verdadeiro desafio, até para o mais experiente dos viajantes.
Clima : Em Timor existem estações muito secas e muito húmidas. Nas regiões montanhosas do interior, como Maubisse, Hato Builico, Same e Turiscai, chove frequentemente e as temperaturas durante o dia rondam os 25ºC. À noite arrefece bastante e as temperaturas descem até aos 10ºC.
Os agasalhos são bem-vindos, sobretudo se escalar o Tata Mai Lau, com 3000 metros. Entre Maio e Novembro quase não chove na costa Norte. As regiões de altitude inferior a 1200 metros, como Baucau, Dili, Liquiçá, Suai e Bobonaro são, de modo geral, secas e as temperaturas rondam os 30º/35ºC.
Quando ir : Na estação seca, entre Abril e Outubro. Entre Novembro e Março, as estradas – grande parte em terra batida – ficam inundadas e tornam-se intransitáveis.
Tradições : Ir ao outro lado do mundo e perceber que é possível falar em Português é uma das surpresas mais agradáveis. Entre as gerações mais velhas persistem hábitos e tradições que nos remetem para o Portugal dos anos 60 – a mantilha negra durante a missa, o napperon de renda, a dança a pares que lembra o bailarico de aldeia à boa moda portuguesa... Estes e outros pormenores fazem-nos sentir em Timor-Leste como se nunca tivéssemos saído de casa, apesar de estarmos a mais de 15 000 km de Portugal.
Onde ficar : As dificuldades de alojamento nas regiões mais rurais e remotas de Timor-Leste obrigam a um planeamento do percurso para evitar pernoitar em zonas isoladas. Em caso de necessidade, a população mostra-se sempre disponível para ajudar. Igrejas, assim como representações de organizações internacionais, podem, igualmente, constituir um bom apoio. De facto, Dili é o único lugar onde existe escolha – os preços dos hotéis rondam os US$40/ noite. Saindo da capital, a oferta diminui drasticamente. Além de Dili, Baucau e Suai são as únicas cidades que dispõem de alojamento e restaurantes (ainda que poucos).
Em Maubisse, Tutuala e Hato Builico (ponto de partida para a escalada do Ramelau), as moradias dos governadores coloniais foram transformadas em casas de hóspedes, oferecendo – no caso da estalagem de Maubisse – condições razoáveis de alojamento (a US$40 /noite), no enquadramento absolutamente mágico das montanhas.
O mesmo não se poderá dizer da casa em Hato Builico. Apesar de a paisagem ser igualmente fascinante, o estado de conservação do edifício não é dos melhores.
Essencial : ir até à ilha de Ataúro, em frente a Dili.
Sem comentários:
Enviar um comentário