sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

DISCURSO DO MINISTRO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS E COOPERAÇÃO NA INAUGURAÇÃO DA EMBAIXADA DE TIMOR-LESTE EM PORTUGAL

Inauguração das instalações definitivas da Embaixada de Timor-Leste em Lisboa

Exmo. Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros da República Portuguesa, Dr. Luís Amado;
Exmos. Srs. Membros do governo português;
Eminência Reverendíssima Sr. Cardeal Patriarca de Lisboa D. José Policarpo;
Reverendíssimo Bispo D. Carlos Ximenes Belo;
Excelentíssimos membros do corpo diplomático acreditado em Lisboa;
Demais autoridades civis e eclesiásticas
Irmãs e irmãos timorenses, minhas senhoras e meus senhores.

É com imensa satisfação que me associo a este momento tão importante para a afirmação do nosso país como Estado independente e soberano.

O estabelecimento de relações diplomáticas é uma prerrogativa dos estados soberanos e a inauguração das instalações definitivas da Embaixada de Timor-Leste em Lisboa, o passo derradeiro dessa afirmação que muito nos orgulha.

Não podemos deixar aqui de agradecer reconhecidos, o contributo decisivo e indelével do Ministério dos Negócios Estrangeiros de Portugal, na pessoa do Sr. Ministro Dr. Luís Amado, pelo empenho na prossecução dos termos do protocolo entre nós firmado que possibilitou estarmos aqui hoje a proceder a esta inauguração, num edifício que é património histórico como podeis ver.
Aproveito para lhe agradecer, Sr. Ministro, a disponibilidade para estar presente neste momento significativo, bem como ao Sr. Secretário de Estado para a Cooperação, Dr. João Gomes Cravinho.

Em momento de agradecimento, não posso esquecer a excelente colaboração da EDP e naturalmente à Junta de Freguesia de Santa Maria de Belém, na pessoa do seu Presidente aqui presente.

A Embaixada de Timor-Leste tem a função de representar os interesses do estado de Timor-Leste em Portugal e em Espanha, mas também tem a função de proteger os interesses dos Timorenses em Portugal e nas suas relações com Timor-Leste.

Este novo espaço, vem assim possibilitar acelerar o processo de estabelecimento dos serviços consulares, desejo muitas vezes manifestado pelos nossos concidadãos residentes tanto em Portugal como em diversos países europeus que recorrem aos serviços desta embaixada.

A presença de uma representação timorense em Portugal já é anterior à restauração da independência, tendo o CNRT, a UDT e a FRETILIN nomeado o Engº. Luís Cardoso, eu próprio e o Dr.
Olímpio Branco como representantes em Portugal de toda a resistência timorense, tendo depois sido representada pelo Dr. Roque Rodrigues, num país que além da história comum que nos une, nunca desistiu da questão de Timor nos fora internacionais, e em que tal era até imperativo constitucional, tendo sido um verdadeiro aliado e amigo de Timor e dos timorenses.

Após 2002, foi nomeada a primeira embaixadora de Timor-Leste em Lisboa.
A Dra. Pascoela Barreto teve a difícil tarefa de pôr a funcionar a embaixada com escassos recursos humanos e financeiros.

Seguiu-se o Dr. Manuel Abrantes que consolidou a organização e estrutura da embaixada e coordenou as múltiplas tarefas que conduziram ao presente momento.

Até à nomeação do próximo embaixador, que esperamos seja em breve, o Sr. Conselheiro Antonito Araújo será o encarregado de negócios que representará o Estado de Timor-Leste em Lisboa.

Desde a tomada de posse do IV Governo Constitucional, tem sido preocupação deste Ministro e dos serviços do Ministério dos Negócios Estrangeiros de Timor-Leste, implementar soluções definitivas para as suas representações diplomáticas.

Foram por isso tomadas medidas importantes e que representam um esforço financeiro considerável que se têm vindo a traduzir, por exemplo:
- Na inauguração esta semana das novas instalações da nossa embaixada em Banguecoque;
- Na construção de raiz da nossa embaixada em Camberra cuja inauguração será no próximo mês de Fevereiro;
- As nossas embaixadas em Bruxelas, Maputo, Nova Yorque, Washington e Pequim que já têm obras em curso para novas instalações.

Estamos por isso a fazer um esforço muito grande para, no pouco tempo que decorre desde 2002, conseguirmos ter representações condignas do nosso país no exterior.

Mas o nosso esforço não se fica pelas instalações. Estamos também a trabalhar na medida das possibilidades do nosso estado, para dignificar as condições contratuais dos funcionários que nas diversas representações, são o rosto do nosso país.

Infelizmente não é possível resolver todos os problemas de uma vez como gostaríamos, mas passos estão a ser dados na direcção certa.

É necessário compreender que além de recursos financeiros limitados, os nossos recursos humanos ainda necessitam de muita capacitação para podermos responder cabalmente a tantas solicitações em simultâneo.

O nosso país ainda está a formar e a consolidar as suas instituições.
Um Estado leva tempo a erigir, especialmente se o ponto de partida for praticamente do nada. Temos que ter paciência e compreender os erros de percurso e não perder de vista que existimos há apenas pouco mais de 6 anos como nação.

Justamente porque vivemos num mundo globalizado, em que as relações entre estados têm de ser de interdependência, estamos apostados em dinamizar uma diplomacia activa nos diferentes quadros multilaterais em que é importante estarmos presentes. Só assim poderemos garantir a nossa independência, através da associação com espaços regionais e globais com os quais nos identificamos.

Timor-Leste é membro das Nações Unidas, aderimos à CPLP onde acabámos de empossar o nosso Embaixador Dr. Barreto Martins tornando-se Timor-Leste o 3º país da Comunidade a nomear um representante permanente. Estamos apostados em reunir as condições para a plena adesão à ASEAN e olhamos com interesse o Fórum das Ilhas do Pacífico Sul.

Queremos contribuir para a estabilidade regional e internacional integrando-nos nestas organizações regionais e internacionais, porque compreendemos a importância das parcerias que contribuem para a nossa segurança.

Sabemos que temos um longo caminho ainda para percorrer, mas com a colaboração empenhada de todos os funcionários e com a ajuda e compreensão dos nossos amigos, certamente que o futuro será mais brilhante e será nosso.

Disse.
Ministro dos Negócios Estrangeiros da RDTL - Zacarias da Costa

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

DESCOBRIR O ECO TURISMO EM TIMOR-LESTE









P A N O R Â M I C A
Fevereiro de 2004 : Timor-Leste é assim, de mergulhar e cair para o lado. Uma verdadeira caixa de surpresas que guarda, num território com apenas 270 km de comprimento por 75 de largura, cenários naturais de grande beleza : praias paradisíacas, florestas tropicais e grandes cadeias montanhosas. Um destino (quase) virgem, ideal para a prática de ecoturismo.
Mas Timor é também o seu povo de alma mística, com uma história única e uma cultura imensa por (re)descobrir, e um novo país nascido da perseverança de um dos maiores líderes do nosso tempo: Kay Rala Xanana Gusmão

Uma “montanha” de surpresas. Alguém disse um dia que Timor-Leste é como “uma grande montanha”. De facto, para onde quer que se vá, é necessário escalar encostas ou descer montes e vales. Quem parte de Dili em direcção a Maubisse tem de subir, ziguezagueando por uma estrada entalada entre um abismo e as elevações escarpadas da cadeia montanhosa que separa o Norte do Sul do país. É no distrito de Ainaro, porém, a partir da vila de Hato Builico, que se chega ao topo do Tata Mai Lau, o ponto mais alto da cordilheira do Ramelau (2960 metros).

O mais mágico dos lugares : O verde escuro dos mangais dá lugar ao azul das águas transparentes da praia de Metinaro, a cerca de 30 km da capital. Mais adiante, surgem os arrozais de Baucau e, ao longe, centenas de palmeiras. Uma paisagem de grande beleza apenas ultrapassada pelo oásis de areia branca que se esconde na ponta mais oriental de Timor, no distrito de Lautém. Tutuala é uma praia encantada, escondida na vegetação, e um porto de abrigo banhado por águas cristalinas, de onde partem os barcos dos pescadores para o ilhéu deserto de Jaco, uma reserva de tartarugas. Os timorenses acreditam que se trata de um lugar mágico e, por isso, mantêm a minúscula ilha intocada.

Praias, quentes e boas Praias : são muitas, quentes e boas. Estendem-se pelas costas Norte e Sul. São recantos escondidos de areia dourada ou quilómetros e quilómetros de areia preta. Como a praia de Liquiçá, a uma hora de Dili, ou de Betano, na costa do mar de Timor. Mas, tal como já aqui foi dito – nunca é demais repetilo –, o verdadeiro paraíso está a Leste: na ilha deserta de Jaco e na praia de areia branca de Tutuala. Para os praticantes de snorkelling e de mergulho recreativo, reservam-se outros segredos, na costa do enclave de Oecussi, na Ilha de Ataúro e nos arredores de Dili, em direcção a Baucau.

Estamos nas nuvens Uma viagem aérea entre o enclave de Oecussi e Dili é uma oportunidade única para novas e surpreendentes revelações. Lá do alto, o litoral ganha um recorte ainda mais acentuado, o mar afunda-se e ganha novas tonalidades. Outras sensações terá quem optar por uma viagem por terra, da capital para Baucau.



Ao longo da costa, a paisagem transforma-se continuamente: alteram-se os relevos, multiplicam-se as formas, intensificam-se as cores e definem-se os contornos. E, assim, a Natureza vai pintando um quadro que nos deixa nas nuvens, à medida que o vamos descobrindo, lentamente, sem pressas, por estradas sinuosas.Como ir Como ir : A British Airways faz a ligação Lisboa-Londres-Singapura-Darwin; nesta cidade australiana pode apanhar um avião da AirNorth (www.airnorth.com.au) para Dili. A tarifa (que inclui todas as ligações desde Portugal) custa a partir de 1771 euros (+ taxas). Timor-Leste é o destino ideal para a prática de ecoturismo.


Uma vez que se trata de território virgem, com uma total inexistência de infra-estruturas turísticas, viajar até Timor-Leste pode ser um verdadeiro desafio, até para o mais experiente dos viajantes.

Clima : Em Timor existem estações muito secas e muito húmidas. Nas regiões montanhosas do interior, como Maubisse, Hato Builico, Same e Turiscai, chove frequentemente e as temperaturas durante o dia rondam os 25ºC. À noite arrefece bastante e as temperaturas descem até aos 10ºC.

Os agasalhos são bem-vindos, sobretudo se escalar o Tata Mai Lau, com 3000 metros. Entre Maio e Novembro quase não chove na costa Norte. As regiões de altitude inferior a 1200 metros, como Baucau, Dili, Liquiçá, Suai e Bobonaro são, de modo geral, secas e as temperaturas rondam os 30º/35ºC.

Informações úteis Indicativos : 0062 + 390 (para Dili) Diferença horária: Mais nove horas do que em Portugal continental.


Moeda : Dólar americano. Cartões de crédito e multibanco praticamente não são aceites. Recomenda-se levar um valor razoável em “cash” para fazer os pagamentos necessários.




Transportes : Transportes é o que não falta em Dili, desde autocarros e “microletes” (minibus) a táxis e motorizadas. Viajar dentro da capital ou entre cidades é relativamente fácil. Também existem em Dili diversas empresas de rent-a-car. Os preços de aluguer variam entre US$45 e US$60/dia.
As estradas são más e não possuem sinalizações, mas se tiver um bom mapa com os principais pontos de referência e pedir indicações, não vai ter qualquer problema.

Quando ir : Na estação seca, entre Abril e Outubro. Entre Novembro e Março, as estradas – grande parte em terra batida – ficam inundadas e tornam-se intransitáveis.

Tradições : Ir ao outro lado do mundo e perceber que é possível falar em Português é uma das surpresas mais agradáveis. Entre as gerações mais velhas persistem hábitos e tradições que nos remetem para o Portugal dos anos 60 – a mantilha negra durante a missa, o napperon de renda, a dança a pares que lembra o bailarico de aldeia à boa moda portuguesa... Estes e outros pormenores fazem-nos sentir em Timor-Leste como se nunca tivéssemos saído de casa, apesar de estarmos a mais de 15 000 km de Portugal.

Onde ficar : As dificuldades de alojamento nas regiões mais rurais e remotas de Timor-Leste obrigam a um planeamento do percurso para evitar pernoitar em zonas isoladas. Em caso de necessidade, a população mostra-se sempre disponível para ajudar. Igrejas, assim como representações de organizações internacionais, podem, igualmente, constituir um bom apoio. De facto, Dili é o único lugar onde existe escolha – os preços dos hotéis rondam os US$40/ noite. Saindo da capital, a oferta diminui drasticamente. Além de Dili, Baucau e Suai são as únicas cidades que dispõem de alojamento e restaurantes (ainda que poucos).

Em Maubisse, Tutuala e Hato Builico (ponto de partida para a escalada do Ramelau), as moradias dos governadores coloniais foram transformadas em casas de hóspedes, oferecendo – no caso da estalagem de Maubisse – condições razoáveis de alojamento (a US$40 /noite), no enquadramento absolutamente mágico das montanhas.

O mesmo não se poderá dizer da casa em Hato Builico. Apesar de a paisagem ser igualmente fascinante, o estado de conservação do edifício não é dos melhores.

Em Tutuala é frequente não encontrar a pessoa que tem a chave da estalagem. Nesse caso, a alternativa é descer até à praia e acampar ao relento, oportunidade para ver o nascer do sol num dos lugares mais paradisíacos do mundo.
Compras : Existe um mercado em Dili de tais (panos tradicionais). Apesar da variedade, são poucas as garantias da sua autenticidade. Hoje em dia, são na maioria fabricados de forma industrial em Timor Ocidental. Panos genuinamente tecidos à mão encontram-se, por vezes, nas vilas mais remotas (Bobonaro, Los Palos), mas não é garantido que as tecedeiras ainda no activo os vendam.
Pontos de interesse : A cidade de Dili é um lugar incontornável: por todas as referências históricas que lhe estão associadas, pelo pôr-do-sol explosivo, pelo passeio na marginal, em direcção à praia da Areia Branca (a 3 km do centro), pela arquitectura (tão portuguesa) do mercado, das igrejas, dos edifícios recentemente recuperados.

Essencial : ir até à ilha de Ataúro, em frente a Dili.
A não perder : Liquiçá, com o seu extenso areal de areia preta (a sua igreja e a do Suai foram palco de dois dos mais bárbaros massacres ocorridos em 1999). De muito interesse é Baucau, a segunda maior cidade do país e a mais preservada da destruição de 1999.
Para os desportistas que não sofrem de vertigens impõe-se uma ida a Maubisse e, de caminho, uma subida ao ponto mais alto do país: o pico de Tata Mai Lau (três horas de caminhada) para admirar do seu topo a vista imponente sobre quase toda a ilha.
Absolutamente obrigatório : mergulhar nas águas azuis de Tutuala e da Ilha de Jaco.

O ideal mesmo : é visitar todo o território e não perder pitada desta ilha-maravilha.
Para mais informaçõesEmbaixada de Timor-Leste, em Lisboa....


Embaixada de Portugal em Dili, Edifício ACAIT, Av. Presidente Nicolau Lobato, Tel: 00 670 390312532; Fax: 00 670 390 312 528.